O consumidor, que nos últimos meses viu o preço do leite disparar, pode se acostumar a pagar caro pelo produto. Nem a chegada do período chuvoso, que torna os pastos mais fartos, aumenta a produção, e normalmente, barateia o produto, será suficiente para derrubar os preços. A expectativa mais otimista é que, no máximo, o valor pare de subir.
“Chegamos a um patamar de preços em que a tendência é estabilizar, mas acredito que não caia”, diz o diretor executivo do Sindicato da Indústria do Laticínio em Minas Gerais (Silemg), Celso Moreira. “Com a chegada do período chuvoso, a tendência é que os preços se estabilizem em setembro. Depois, pode haver uma leve queda, mas a tendência a curto e médio prazos é que o preço se mantenha no patamar atual”, diz o analista de agronegócio da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Wallinsson Lara.
Neste ano, segundo o Ipead/UFMG, o leite ficou 11,04% mais caro para o consumidor de Belo Horizonte, quase o dobro da inflação, que acumula 5,84% desde janeiro. O valor pago ao produtor subiu ainda mais, 24,2%, de acordo com dados da Faemg.
Lara explica que o aumento de preços se deve, principalmente, ao desequilíbrio entre oferta e demanda. Nos últimos anos, com a melhora do poder aquisitivo da população, o consumo do produto vem crescendo 5,4% ao ano, enquanto a produção sobe 4,6% ao ano. “O aumento de renda incentiva a população a consumir certos produtos, como o leite e seus derivados”, diz.
De acordo com o Silemg, nos últimos dez anos o consumo per capita passou de 125 litros anuais para 180 litros por ano. Apesar da alta, a média ainda é abaixo dos 200 litros por pessoa a cada ano recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Esse aumento de demanda não é exclusividade no Brasil. Nos últimos anos, os chineses também estão bebendo mais leite, o que afetou todo o mercado mundial. Como a demanda é muito grande, os preços subiram. Outro fator que pressionou a alta foi o clima desfavorável em 2012, que elevou os custos do produtor.
Após atingir o maior patamar dos últimos seis anos, o preço do leite está contrariando as expectativas e se mantém alto. Em agosto, o valor pago ao produtor teve a sétima alta mensal consecutiva e, na média, chegou a R$ 1,0861 por litro, conforme o Centro Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USR O maior avanço foi verificado no Rio de Janeiro, onde o litro alcançou R$ 1,1339, alta de 2,1%. Os reajustes já chegam aos consumidores. O produto teve alta de 27,24% nos últimos 12 meses encerrados em julho, conforme o IPCA. No Rio, o avanço no preço do longa vida chegou a 33,25%.
O incremento se deve à demanda alta, à longa entressafra e à desaceleração na produção no Sul por causa do frio.
Em efeito cascata, outros itens do café da manhã passaram a pesar mais: o queijo ficou 5,34% mais caro; o iogurte e as bebidas lácteas subiram 8,48%; e o leite em pó teve reajuste de 17,31%.
– Os preços são mais altos no Rio porque o Estado não tem produção expressiva – diz Paulo Ozaki, analista do Cepea.
A expectativa é que os preços fiquem estáveis até outubro quando a próxima safra, oriunda do Centro-Oeste e do Sudeste, começa a entrar no mercado, afirma Andres Padilla, analista do Rabobank.
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